2019->2020 | (Re) Construção

No ano 2019 senti-me quase sempre assim…
estou cansada disto!

Uns dias antes do Natal, uma Amiga chamou-me ao gabinete dela, no nosso local de trabalho, e deu-me o set tipo-Lego deste flamingo.
Sorrindo muito, imediatamente perguntei:
– É para quando?

Estava a pensar que ela precisava que montasse o Flamingo Nanoblock para qualquer projecto urgente… Mas não. Ela e o namorado compraram esta belíssima peça para me oferecer Só porque Sim! As melhores prendas oferecidas e recebidas são aquelas “Só” porque Sim! =) <3

Ao começar a montar, percebi que existem sets japoneses “tipo-Lego” muito interessantes e difíceis de montar, devido sobretudo aos seus tijolinhos nano-minúsculos. Há sets da marca Nanoblocks que vêm com uma pinça, mas com este não havia pinça…

Fui montando, devagar, durante vários dias, até que percebi, que este Flamingo Nanoblock é a metáfora do que tem sido a minha vida no último ano, ou dois, ou três…

Espero que em 2020 me sinta mais reconstruída,
mesmo que em constante desafio na procura pelo equilibrio…

Newsletter | Renovações, Cor e Azuis, Ramsés, Políticas Culturais

. Insónias produtivas e criativas
. Obras e remodelações
. O azul passou do tecto para o chão da cor dos mares tépidos
. A relevância da cor… terapêutica
. Será que é a partir de agora que me torno seriamente minimalista?
. Bola Amarela para satisfazer a paixão pelo Ténis
. Muitas sugestões de leitura para pensar Políticas Culturais
. Colecção de romances históricos “Ramsés” de Christian Jacq
. Azul-esverdeado e Azul-petróleo
. Um candeeiro com histórias da Avó
. Gestão cultural e desobediência civil… que tentação
. Divulgação de Ciência no Dia Aberto do ITQB 2019
. Liz desejo-te uma família para sempre…

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Newsletter | Forky, prioridade aos SketchNotes, Anatomia em Lego, FS 2´´ em Cascais amanhã…

. Cão e Árvore abstracta Lego
. Forky, um herói com dúvidas existenciais
. Prioridade aos rabiscos analógicos na fase inicial de projectos
. Crónicas de livros viajantes
. Como bem usar canetas-de-feltro
. Trevo
. Vamos amanhã desenhar para Cascais com Vela
. Anatomini e a História da Lego
. O papel político das organizações culturais

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Newsletter | + férias, Fazer “Nada” , Objectos que Voam, corta e cola… rabisca para pensar…

. Colas, tesoura e recortes para descansar a cabeça e refrescar a memória
. Fazer nada de Nada?
. Máquinas voadoras
. Da inutilidade de Ser
. Silêncio dEscrito
. Desafio Lego
. Caderno e Antropologia pensar Cultura
. Canetas e mais para esquerdinos
. Inscrições para conferência “O papel político das organizações culturais”,
. Liz, dá cá a patinha…

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No Museu do Ar a pairar…

Clicar nas imagens para ver maior

Tenho a impressão que a última vez que me senti emocionada assim, ao entrar num Museu, foi no Aquário Vasco da Gama, em 2016, onde não entrava há muitos anos. Emocionei-me … O Museu do Ar, no seu polo de Sintra, é um lugar cheio de ar em redor, no meio do campo. Adorei o logótipo no edifício. Depois dos modelinhos minúsculos, o que se vê é a Máquina Voadora de Da Vinci, os primeiros aviões – Lindos! – e um tecto alto cheio de ar.

Réplica de Máquina Voadora de Da Vinci . Museu do Ar

Talvez me tenha deixado arrebatar assim, porque na véspera da visita tive uma neura terrível (só explicável pelo teor de algumas conversas e de me ter deixado mergulhar numa crise pré-final das férias…). Enfim, que desperdício… ou que faz parte.

Instalação – Voo de João Torto, 1540

João Torto, enfermeiro, fez a primeira tentativa documentada para… voar da Sé de Viseu abaixo… Foi em 1540. Se calhar atirou-se com ajuda de “cenas” delirantes da sua “farmácia” ambulante. Aterrou de pé num telhado qualquer e de seguida fez o seu último voo direitinho para o Céu…

Réplica de 14 bis . Santos Dumont, 1906

Ainda estava nos feitos de Santos Dumont e fiquei sem bateria no telemóvel à terceira foto… Pânico! … Hummm… Após aquela reacção “sem pés-nem-cabeça” do tipo “que horror, estou despida!”, decidi que… “bem, afinal vim para DESENHAR!” =)

Passeei por ali adentro, ao lado e por baixo daqueles enormes e maravilhosos aviões e helicópteros. Passado poucos minutos dei com um grupo de turistas Brasileiros adultos =) a brincar de braços abertos a esvoaçar junto ao belo helicóptero de busca e salvamento, que actuou nos Açores em 1950-62. Entrei dentro de aviões (ou parte deles) até ao cockpit. Entretanto, parecia que estava num filme ao ouvir duas passagens de um avião real a voar: zzzzzzzzuuuuuuuuuuuuummm
zzzzzzzzzzzZZZZZZZZZZZZZZuuuuuuuuuuuuummmMMMMMMmmmm
O som parecia ser de um daqueles aviões com hélice à frente. Pelo menos foi o que o imaginei. Até o chão estremeceu.

Deixei-me invadir pela nostalgia nas exposições da TAP e da ANA, por causa de um workshop de rabiscos que organizei há uns anos no Museu do Design e da Moda, exactamente sobre os mesmos temas muito estéticos.
O primeiro simulador de voo Português parece um brinquedo para miúdos pequenos. Muito fofo!

No último hangar, dois aspectos chamaram o meu prolongado olhar:
– Pendurados estão muitos modelos a pairar! Senti-me verdadeiramente puxada a levantar voo para o tecto!
– Na entrada, está o avião do Comandante António Faria e Mello que se deslocava em cadeira de rodas. Fiquei muito impressionada… porque o piloto Português deu duas vezes a volta ao mundo em monomotor.

Quem é que não gosta de um espaço com um wc que cheira bem e que é amigo de pessoas baixinhas (nem só as crianças são baixinhas, há adultos também mínimos!)?

Com espanto e há uns dias descobri que o Museu está apetrechado com uma plataforma de visita áudio-guiada através de uma plataforma digital, ou seja uma app, que pode ser instalada gratuitamente nos nossos telemóveis para que possamos ouvir contar as histórias sobre cada um daqueles maravilhosos objectos. Confesso que ainda não experimentei, mas haveremos de lá chegar.

Legenda do 14 bis . Clicar para ler

As legendas não têm texto justificado à esquerda. E então? Paciência. São inclinadas para ajudar a leitura de pé, curtas e claras e foram simpaticamente impressas a branco com fundo escuro – muito adequado para um sítio com tanta luz natural. São fáceis de ler a uma boa distância. São fáceis de compreender!

Para ser um “museu de Pantufas“, precisava de ter uns sítios para as pessoas se sentarem aqui e ali a descansar as pernas, apreciando em simultâneo tamanhas Obras da Arte, da Ciência e da Tecnologia. Não são outra coisa, estas Máquinas Voadoras.

Sem espanto, entretanto, descobri que o Museu do Ar (Polos de Pêro Pinheiro – Sintra, de Alverca – Vila Franca de Xira e de Ovar) foi considerado o museu do ano 2013 pela Associação Portuguesa de Museus, foi escolhido em 2017 como o 5º melhor museu Português pelos utilizadores TripAdviser e está no Top 20 dos melhores museus do mundo no tema da aviação.

Porque nunca lá tinha ido?! Este é um Museu lindo, abraçado (não se incomodaram com o meu banquinho e com o meu estendal para rabiscos), Acessível e é mesmo para Pessoas variadas! <3
Em breve, o grupo FotoSketchers 2 Linhas irá organizar um encontro lá mesmo!! Vamos?

P.S. para nerds: Tese de Mestrado “Museu do Ar : contributo para um modelo de gestão e programação” (a explorar em breve…)

Newsletter | Férias! No Lego como com o desenho e os pincéis…

. Férias
. Redescoberta dos tijolos mágicos
. Sophia
. Livraria Solidária para livros de verão
. Teatro de rádio sobre a História das Grandes Batalhas
. Freddy Mercury, o Cão

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. Ode ao Silêncio
. O homem que passeia
. Flâneur e Viandante
. Rabiscos a cheirar a Primavera num Ervedal mix
. O tempo entre costuras
. Como desenhar uma árvore com caneta, tinta e aguarela
. Visita táctil ao Museu Grão Vasco recomenda-se
. Mélanie, a sorridente de 4 patas

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Exploradores Portugueses, Rabiscos Científicos ou não, Nariz Electrónico, actividades giras, abrigar cães…

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Ainda não acabei de pensar nisso... by Rita Caré

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Newsletter | Cães, esploradores da Vida e do Mundo, Árvores, Egipto…

Cães, esploradores da Vida e do Mundo, Árvores, Egipto na Nacional Geographic, a Orquestra na RTP2, Agenda Acessível da Acesso Cultura e Wagner da Focinhos e Bigodes
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Apontamentos Desenhados do meu Perfil Profissional e não só…

Perfil rabiscado (actualização Agosto 2019)

Os Rabiscos de Ideias entraram na minha vida há quase dois anos. Um belo dia pûs-me a pesquisar informação sobre infografias. E de repente fui dar com o Doug Neill e o seu projecto “Verbal To Visual”, que é cada vez mais uma escola internacional de Rabiscos de Ideias. A minha história Verbal To Visual continua em baixo.

Depois desse tempo nas andanças dos rabiscos de ideias, apareceu a oportunidade de conhecer muitos dos sketchnoters que sigo na Internet. Onde? Em casa! Em Lisboa, durante o SketchNote Camp 2018! :D

Essa conferência pode ser seguida nas várias redes sociais através das hashtags: #isc18lx e/ou #ISC18LX

Tal como diz o Doug Neil, “Let’s give it a try to #SketchNotes“.

Os inscritos foram convidados a enviar o seu perfil para o livro da conferência. E daí surgiu este Rabisco de Ideias da minha vida profissional e académica até Setembro de 2018.

I’m Rita Caré, my nickname  is @ritacarepapiro at Facebook, Twitter  & Instagram  and my favourite hashtag is #RabiscarIdeias

 
 
Rabiscos de Ideias - Perfil de Rita Care - Set 2018 - Comunicacao Ciencia - SciComm
Perfil rabiscado (versão de Setembro de 2018)
 

Identifiquei-me imediatamente com o Doug Neill do Verbal To Visual, porque para além de explorar o desenho de uma forma totalmente diferente da minha, ele tem formação científica. Foi um professor frustrado com o sistema norte americano do ensino básico e secundário. Então, pôs as mãos na massa e ao longo dos últimos cinco anos montou uma escola deste tipo de desenho que explora os conceitos (conhecido por sketchnotes, visualnotes, rabiscos de ideias, apontamentos desenhados, pensamento visual ou reportagem gráfica, etc…).

O Doug produz os seus materiais para todos, mas tem uma tendência muito grande para ir de encontro às necessidades que os professores têm (embora a maioria nem sequer saiba disso) e para os incentivar a utilizar esta ferramenta com os seus alunos.

Imaginem isto no contexto mítico e terrível de que se estamos a desenhar é porque não estamos atentos e de que “eu não sei desenhar nem nunca saberei”.

Os meus rabiscos de ideias estão já por aqui meio desarrumados sob as categoria Papiro Gráfico e Reportagem Desenhada.

Se tem interesse em conhecer as minhas histórias de vida, pode ler o meu resumo e o meu perfil escrito por Carolina Lobão Figueira.

Rita Caré | A Rabiscar para Conhecer

Rita Caré
A Rabiscar para Conhecer

Perfil produzido por Carolina Lobão Figueira (*),
entre 2017 e 2018,
para a disciplina de Jornalismo de Ciência
do Mestrado de Comunicação de Ciência
da FCSH-NOVA

 

Rita Caré na Sala dos Computadores e da Internet no Museu das Comunicações, Lisboa
Rita Caré na Sala dos Computadores e da Internet no Museu das Comunicações, por Carolina Figueira (Novembro 2017)

 

As paredes coloridas da sala do Museu das Comunicações, em Lisboa, contrastam com o cinzento dos prédios lá fora. Rita Caré, 41 anos, de cabelo curto e ar descontraído, senta-se numa das cadeiras. Pousa a mochila que a acompanha para quase todo o lado. A escolha do museu é propositada. Um museu com a temática que, em muitas formas, a caracteriza: comunicação. Onde passou horas a desenhar, até deitada sobre o chão frio. Um museu onde, acima de tudo, se sente como se estivesse em casa.

Rita demonstrou desde cedo uma ligação forte à Natureza. A partir dos cinco anos, a família colocava-a a ver programas de televisão de vida animal. Jacques Yves Cousteau e David Attenborough entravam-lhe casa adentro e foi com eles que cresceu e desenvolveu a sua paixão pelo comportamento animal e pela vida dos oceanos, um mundo escuro e desconhecido que espicaçava a sua curiosidade de criança.

Quis ser médica e carpinteira. A carpintaria era uma atividade muito prática que lhe satisfazia a necessidade de ter resultados imediatos. Mas a paixão pela observação do comportamento animal falou mais alto. Quando escolheu as opções de entrada na faculdade, em quase todas as linhas se lia “Biologia”. Na última opção, “Arquitetura Paisagística”. “Acho que faz todo o sentido, tendo em conta a minha vida atual. A estética, criar estruturas, desenhar…”, recorda Rita. Acabou por entrar em Biologia Marinha na Universidade do Algarve, mas o curso não lhe encheu as medidas: era, na altura, mais relacionado com a gestão das pescas e queria aprender mais sobre a vida animal. Depressa rumou para norte e foi a Faculdade de Ciências da Universidade de Lisboa (FCUL) que acabou por ser palco da sua vida académica.

No quarto ano da faculdade fez um trabalho para uma disciplina no qual estudou a comunidade invernante das aves de jardins de Lisboa. Decidiu que gostava de ser ornitóloga para estudar o comportamento das aves de rapina. Mas a vida trocou-lhe as voltas. Não conseguiu fazer o estágio que queria e, quando se propôs a fazer um estágio em ilustração científica de roedores, também não foi bem-sucedida. Na reunião em que recebeu esta última resposta negativa, ouviu também algo que se tornou um marco indelével na sua vida. A Professora Maria da Luz Mathias disse-lhe que tinha perfil para a comunicação de ciência e sugeriu-lhe fazer um trabalho na área. “Foi aquela a primeira vez que ouvi essa expressão, já tinha 24 anos”, relembra Rita.

As tardes dos meses seguintes foram passadas entre livros, documentos e artigos científicos sobre museologia, na biblioteca do Museu de Ciência da Universidade de Lisboa. Rita sempre teve uma vontade constante de ir à raiz dos problemas e o bichinho de querer estar sempre a aprender. Exemplo disso era a determinação com que estudava algo que, uns meses antes, nem sabia que existia. “Todos os dias eu pedia para fotocopiar imensas coisas para levar depois para casa para ler”. As manhãs, passava-as como monitora no Pavilhão do Conhecimento – Ciência Viva, uma experiência desafiante já que foi a primeira vez que teve que interagir constantemente com pessoas desconhecidas e que comunicar oralmente, duas das maiores dificuldades de Rita. “Acho que sempre tive dificuldade em expressar-me oralmente. É muito mais fácil sentar-me e ter o tempo da escrita e pensar no que quero dizer para ser clara”, desabafa. Mas esta não é uma razão para fugir, antes pelo contrário. Coloca-se frequentemente em situações em que é obrigada a sair da sua zona de conforto. “Acho que vivermos sem crescermos, sem enfrentarmos as nossas dificuldades, não tem graça”.

O trabalho de fim de licenciatura era um estudo teórico de como se constroem boas legendas para exposições. Foi o único trabalho apresentado na área da Comunicação de Ciência. “Desde muito cedo que ela queria fazer comunicação de ciência e mais ninguém da nossa turma queria fazer isso. Distinguiu-se aí do resto dos 130 alunos que tinham entrado em Biologia nesse ano”, relembra Ana Mena, colega de faculdade de Rita e atual responsável pelo Gabinete de Comunicação do Instituto Gulbenkian de Ciência (IGC). Na apresentação do trabalho, que considera ser o trabalho mais apaixonante que fez, o arguente, Professor Carlos Almaça, estava “profundamente emocionado”, segundo palavras de Rita. O dia ficou também marcado por um acontecimento que ainda hoje é recordado. “Enquanto os professores faziam perguntas e ela respondia em frente a toda a audiência, o computador entrou em modo screensaver e começámos a ver projetadas no grande ecrã fotografias pessoais de paisagens, dos seus cães e dos amigos (ou seja, nossas) na piscina em bikini, em poses disparatadas, etc. (…). Claro que tivemos um ataque de riso”, relembra Patrícia Ponte, amiga de infância.

Nasceu desse trabalho a paixão de Rita pelos museus e centros de ciência e cresceu o seu interesse pela comunicação de ciência. Retrata-se intimamente como bióloga já que “brilha por todo o lado” quando fala de animais, mas na verdade, Rita sempre soube que não tinha perfil para investigadora, apesar da sua enorme curiosidade. “A investigação tem resultados a muito longo prazo e eu gosto de coisas imediatas. Gosto de ver resultados para não ficar frustrada”, diz Rita. Trabalhou em duas empresas de comunicação ambiental onde desenvolvia conteúdos para o público escolar e na Associação “Viver a Ciência”. Durante anos, fez todos os cursos e formações que pôde e que havia relacionados com a área da gestão de projetos e comunicação de ciência.

Em 2006, fez o curso de Jornalismo de Ciência e Tecnologia, um dos cursos “mais marcantes e interessantes” para a sua formação. Foi nesse ano que começou a trabalhar como coordenadora do Gabinete de Comunicação do Centro de Informação de Biotecnologia (CiB), onde se mantém até hoje e faz gestão de projetos e eventos de divulgação científica. É profissionalmente exigente, tem muita vontade de atingir objetivos e um grande sentido de responsabilidade quando está motivada para o trabalho que tem que fazer, tornando-a “das pessoas que todos queremos ter ao nosso lado para colaborar connosco”, refere Susana Araújo, investigadora do Instituto de Tecnologia Química e Biológica António Xavier (ITQB) e colega de gabinete de trabalho de Rita. “Por outro lado, o seu sentido de responsabilidade/dever “afiado” faz com que a tolerância aos contratempos seja reduzida, sejam eles de ordem de tarefas cumpridas, inesperados ou interação com terceiros”, reflete Susana. Tanto no trabalho que faz no CiB, como noutras facetas da sua vida, Rita considera-se uma facilitadora. “Eu conto estórias quando escrevo, mas é muito mais importante o trabalho que faço como facilitadora”, refere. “Facilito às pessoas irem ter com outras ou ser-lhes contada determinada estória”.

O papel dos museus e dos centros de ciência sempre foi uma temática central na sua vida. Para ela, os museus têm a função de “contar estórias e deixar um legado para o futuro”. Isso só é possível se conseguirem ser relevantes para o seu público-alvo: “Quando um visitante vai a um museu, carrega consigo a sua vida. Pessoas diferentes interpretam de formas diferentes o mesmo que estão a ver. Apropriam-se daquilo que estão a ver, a observar, a sentir, de formas diferentes”, lembra Rita. A sua paixão pelas problemáticas da relevância e da acessibilidade cultural, social e física, não passa despercebida às pessoas que com ela se cruzam. O entusiasmo que dá tonalidade às suas palavras não o permite. “Ela interessa-se genuinamente pela maneira como as pessoas captam a informação”, diz Ana Mena.

 

Rita Caré no Museu do Dinheiro, por Ana Ferreira 2017
Rita Caré no Museu do Dinheiro, por Ana Ferreira (Abril 2017)

 

Nas questões da acessibilidade e da museologia, entre muitas outras, é Maria Vlachou, diretora executiva da Associação Acesso Cultura, que a inspira desde 2001, quando com ela trabalhou no Pavilhão do Conhecimento – Ciência Viva. Em 2016, dedicou-lhe o projeto final do Mestrado em Comunicação de Ciência (na Faculdade de Ciências Sociais e Humanas, da Universidade Nova de Lisboa), mas a voz falha-lhe quando tenta falar da importância que Maria tem para ela. “Quando nós gostamos muito de uma pessoa, é muito difícil falar dela, e eu gosto muito da Maria”, diz Rita. Foi em 2016, como jurada no concurso Prémio Acesso Cultura – Linguagem Simples, organizado pela Associação Acesso Cultura, que Rita protagonizou um momento que Maria Vlachou recorda vividamente: “A Rita pôs toda a gente a rir quando fez um paralelismo e disse que sentir-se bem num museu, a ler coisas e a aprender coisas novas, é qualquer coisa como estar em casa confortável com as nossas pantufas. Foi uma forma tão simples, imediata e direta de passar a mensagem às pessoas! Podíamos usar os termos técnicos, mas a Rita com uma simplicidade extraordinária passou a mensagem.”

Uma vida a cores

A hiperatividade intelectual e a sede de conhecimento que a caracterizam foram empurrando Rita para outras atividades. “Estou sempre a tentar ir buscar coisas diferentes e juntá-las, estou constantemente a procurar fontes diferentes. É mais divertido”, refere. O encontro com o desenho deu-se em 1999, quando nos corredores da FCUL reparou num cartaz a anunciar um curso de Ilustração Científica. Em baixo, uma nota: não é preciso saber desenhar. “Fazer esse curso deve ter sido das sensações mais incríveis que eu já senti. É passar de achar que não sei fazer nada a, passado umas horas de formação, fazer coisas incríveis”, recorda Rita com um sorriso. Os desenhos eram muito pormenorizados, a preto e branco. Nesse curso, Pedro Salgado, o formador, disse aos formandos para comprarem uma caixa de aguarelas, para experimentarem trabalhar com a cor. “Eu comprei uma. Esteve seis anos fechada”, confessa Rita, rindo-se. O riso não é uma constante, mas quando se manifesta é contagiante.

Noz
Noz, um dos primeiros desenhos realistas no primeiro curso de Ilustração Científica, por Rita Caré (1999)

 

Em 2007, descobriu um atelier de pintura em Carcavelos. Foi falar com o professor, mostrou-lhe os trabalhos que tinha feito, mas rapidamente acrescentou “não quero fazer nada disto. Quero trabalhar abstrato e aguarela”. Ao sair da sua zona de conforto, Rita descobriu uma atividade que lhe fazia “ter a mente em silêncio”, coisa rara na sua mente hiperativa. O facto de o pai ter morrido quando Rita tinha apenas 20 anos, mostrou-lhe que a vida é limitada, e pode acabar a qualquer momento. Desde então tem “uma ânsia que não é normal de concretizar coisas que façam sentido”. “Na ilustração científica estava sempre tensa, para fazer as coisas sempre certinhas. Mas [no atelier] eu trabalhava com folhas de um metro e tal de largura, com 60 cm de altura, e trabalhava com pinceis grandes de aguarela”, recorda. Também o professor reparava na sua necessidade de conhecimento, a única aluna que se interessava por ir saber o ‘porquê’. Não se interessava só pela técnica da aguarela, mas aprendeu a ver e a sentir através dos trabalhos de Kandinsky, de Picasso ou de Miró. “Vivemos num mundo cheio de regras e muitos preconceitos. Um dos grandes preconceitos é que não sabemos desenhar. E a aguarela destrói isso tudo”, explica Rita. “O processo da água a correr livremente permite-nos quebrar a rigidez do dia-a-dia”.

Orquidea
Orquídea Selvagem desenhada durante cerca de 25 horas, por Rita Caré (2001)

 

Entretanto a veia de bióloga pulsava, apesar de mais discretamente. Recordava os tempos da faculdade em que os biólogos, de mochila às costas e caneta na mão, desenhavam os seres vivos que observavam em cadernos, a que chamavam ‘diários de campo’. Foi numa das muitas pesquisas na internet que tropeçou no website “Diários Gráficos” de Eduardo Salavisa. São cadernos em que o autor desenha aspetos do seu dia. Daí até ao envolvimento com os Urban Sketchers Portugal foi o tempo de um rabisco. Começou a ir aos eventos em 2009, muito timidamente. Mas a entrada nos Urban Sketchers não lhe trouxe só cadernos cheios de memórias. Ajudou Rita a conviver e a integrar-se. “Tenho um lado introvertido e sou tímida. O desenho é uma forma incrível de as pessoas socializarem. Esse é o fator mais importante, do meu ponto de vista, para o sucesso mundial dos Urban Sketchers. Há grupos em todos os continentes. Desenham à chuva, sob neve, com 10 graus negativos e com 47 graus na Amareleja, no Alentejo”, diz Rita.

É no ambiente propício do silêncio partilhado, enquanto desenham, que nascem algumas das suas amizades. Nos encontros de urban sketching, muitos dos quais organizados pela própria Rita, para se obrigar a sair de casa e a socializar, ela está “sempre atenta, rabiscando, mas a prioridade é a conversa e a comunicação com os outros”, conta Teresa Ogando, amiga Urban Sketcher. De facto, Rita admite que, às vezes, os encontros para desenhar se tornam em conversas em que os participantes acabam por desenhar pouquíssimo, mas convivem alegremente. “Uma das coisas que eu gosto muito dos encontros é eu ser a facilitadora, permitir às pessoas reunir à volta do que quer que seja com muito significado, como é o desenho”, diz Rita. A paixão dela pelo desenho e a necessidade de se expor à comunicação direta ao outro, levou-a a organizar workshops e formações, onde partilha “das coisas mais fascinantes” que lhe aconteceram: aprender a desenhar e a pintar. Os amigos descrevem-na como uma pessoa criativa, dinâmica e geradora de boas energias. Marilisa Mesquita, Urban Sketcher, recorda um episódio que aconteceu ao sair de um workshop de Rita: “Chegámos à rua e estava sol (o dia talvez tenha começado nublado) e ela ficou feliz da vida, não se calava e estava cheia de energia! Acabou por comprar um guarda-chuva com as cores do arco-íris e usa-o até agora. Acho que combina perfeitamente com a personalidade dela!”.

Rita Caré por Marilisa Mesquita - 5fev2017
Rita Caré desenhada por Marilisa Mesquita (Fevereiro 2017)

 

O arco-íris do guarda-chuva de Rita combina com as páginas dos cadernos que leva na mochila para quase todo o lado. Tem cadernos quadrangulares, circulares, do tamanho de um dedo ou em formato A4. Usa lápis de cor, canetas de bico fino, canetas-de-feltro infantis e profissionais, pinceis e caixa de aguarelas. Algumas páginas têm pequenos balões de fala com discursos que vai ouvindo enquanto desenha, carimbos ou bilhetes colados. Desenha tostas de presunto, máquinas de escrever, pessoas felizes e tristes, vestidos coloridos, prédios cinzentos. “A Rita torna tudo mais estético, colorido. E não há preço que pague termos mais Vida com mais cor”, diz Susana Araújo. Para quem o mundo é uma janela aberta para a beleza e para o conhecimento, a inspiração de Rita não tem limites. “Acho que não vou perder a vontade de participar e organizar atividades de urban sketching enquanto as pessoas à minha volta quiserem ir comigo”, reflete Rita. “E eu quiser estar com elas”.

É também através dos desenhos que chega mais perto das pessoas, com a sensibilidade que é uma das características que mais lhe atribuem. “Acho que o mais característico dela é a sua sensibilidade, sem dúvida. Que pode fazer com que ela se sinta facilmente magoada, mas também lhe permite dar muito mais de si”, reflete João André Banha Oliveira, amigo de infância. Maria Vlachou ainda hoje se recorda de uma situação em particular: “Recebi pelo correio um envelope manuscrito, com selo, e era um postal com um desenho a guache da Rita de um carvalho que sobreviveu aos incêndios, na zona onde vive a sua família. Ela escreveu um textinho atrás com o seu sentido de humor, mas foi muito mais do que sentido de humor. Este seu gesto de ir até aos correios, de pôr um selo e de me enviar, tocou-me profundamente. E não é a primeira vez que a Rita faz isso, ela está sempre a surpreender”.

carvalho
Jovem carvalho pintado em Oliveira do Hospital, por Rita Caré (2017)

 

Existem muitos momentos marcantes na sua vida pintada a cores, mas existem dois especiais, em que alia a sua paixão pela divulgação da ciência, os animais e os museus de ciência ao desenho. O primeiro foi quando criou a sua primeira reportagem gráfica para divulgar um artigo científico que explora a possibilidade de os peixes também precisarem de amigos. “O IGC partilhou a minha imagem no seu Facebook e teve mais de três mil visualizações em poucas horas”, conta Rita entusiasmada.

reportagem grafica
Primeira reportagem gráfica com Ciência: “Os peixes também precisam de amigos“, por Rita Caré (Abril 2017)

 

O segundo momento marcante está relacionado com a sua veia de defensora dos direitos dos animais e da importância dos parques aquáticos e zoológicos que os albergam. Escreveu um sentido texto no seu blog “Papiro Papirus” onde expõe a situação de um leão marinho com cataratas nos olhos e uma tartaruga que viu no Aquário Vasco da Gama. Através da mão de Maria Vlachou, o texto viajou até à direção do museu. Um papel “pequenino”, mas que teve impacto na vida dos animais. Mais tarde, foi informada da libertação da última tartaruga marinha do Aquário Vasco da Gama e organizou um evento de urban sketching para comemorar a sua libertação. Hoje, o momento está eternizado de maneiras diferentes nos cadernos de dezenas de pessoas. E Rita continua a acompanhar online a viagem da tartaruga “Gama”, que atravessa o Oceano Atlântico, tendo passado ao largo dos Açores e percorrido mais de 4600 quilómetros no final de Abril de 2018. Esta viagem pode ser seguida através do Facebook do Centro de Reabilitação de Animais Marinhos (CRAM).

Tartaruga Bobo AVascoGama, jan 2017 - Foi libertada e vai a caminho da Flórida Nov 2017 - Desenho por Rita Caré
“Gama”, a Tartaruga-bobo do Aquário Vasco da Gama, por Rita Caré (Janeiro 2017)

 

Vive num equilíbrio entre os traços rígidos da caneta e a aguarela que flui livremente. Faz frequentemente viagens ao passado para se tentar perceber a si própria. Mas quando lhe pedem para se descrever, sente-se um longo silêncio, apenas quebrado com um tímido “Pode ser num desenho?”

desenho
Desenho feito por Rita Caré quando lhe pedi que se descrevesse (Novembro 2017)

 

* Carolina Lobão Figueira

Carolina Lobão Figueira é a Autora deste artigo, conhecido no Jornalismo por “Perfil”. É Biotecnóloga, com mestrado nessa área. Sendo super-motivada para comunicar e aproximar os cientistas das pessoas não-cientistas, irá em breve iniciar a segunda fase de um mestrado de Comunicação de Ciência, o mesmo que eu própria finalizei em 2016. Carolina tem uma paixão por ler, por aprender e por partilhar o funcionamento da Vida e do Universo, clarificando as formas de produzir o conhecimento científico. É voluntária do projecto PubhD que promove conversas em bares sobre investigação académica.

 

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Carolina Lobão Figueira por Rita Caré (Novembro 2017)

 

Carolina foi quase de certeza uma das raras visitantes que explorou este blog de “fio a pavio”. Percebi isso ao longo da surpreendente entrevista que me fez. Está aqui representada por mim, embora esteja muito pouco parecida… ficou bastante desfavorecida… Desenhei este rabisco quando fomos beber um café depois da dita entrevista. Nesse momento fui eu que tive oportunidade de descobrir um pouco mais sobre ela e os seus sonhos…

 

Do risco mínimo para a “Ópera Chinesa”

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Traje dos Remendos na Exposição “Ópera Chinesa”, Museu do Oriente

No encontro dos Foto e Sketchers 2 Linhas, organizado no Museu do Oriente, a roupa que mais me impressionou na exposição “Ópera Chinesa” foi esta, pela sua aparentente humildade, através dos remendos cosidos. Mas este design foi criado propositadamente e apresenta-se muito luxuoso. A sua grande simplicidade de linhas e as cores atrairam-me imediatamente o olhar.

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Instrumentos musicais, disco de vinil e fantoche, na exposição “Ópera Chinesa”, no Museu do Oriente

Na parte mais interessante da exposição encontrei alguns instrumentos musicais fascinantes, uma colecção de discos de vinil com capas maravilhosas. E o mais giro de tudo, existia uma caixa azul, com buracos circulares, para espreitarmos lá para dentro, onde encontrávamos fantoches, outros brinquedos e jogos. Para verem fotos desses objectos da “Ópera Chinesa”, visitem os posts no blog dos FS 2´´.

Dei ainda com diários gráficos criados para preparar as peças de teatro.

 

 

Rabiscos Felizes com os Qual Alcatraz

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Nos rabiscos e parvoíces maravilhosas na Fábrica da Pólvora de Barcarena com os Qual Alcatraz.

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Às vezes rabiscam-me ou fotografam-me…

e eu gosto muito disso,
quando são as pessoas de quem gosto tanto os(as) autores(as).

RitaPorAnaCrispim-Pascoa2018 (3)

 

Gosto muito desta foto, porque estava  fascinada por um miúdo pequeno fixado a olhar para o meu desenho e talvez para o meu chapéu… Por Ana Cristina Crispim

Rita Care _ Por _Marilisa Mesquita _ AnosCasadosTiosCrispim_2018

A Marilisa Mesquita faz uns desenhos de mim absolutamente incríveis, não faz?

 

 

#virtualjumpsketch à Ilha de Páscoa

Em Abril de 2018, o desafio do Salto Virtual | #virtualjumpsketch foi um salto à Ilha de Páscoa, na Polinésia, no meio do Oceano Pacífico.

Inspirada e deslumbrada pelas imagens do local com mais de 900 esculturas enormes, extraordinariamente colocadas por seres humanos ancestrais, criei este desenho carimbado.

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#virtualjumpsketch à Ilha de Páscoa

Para saberem detalhes sobre o “Salto Virtual” visitem a página do projecto ALI. Se quiserem, podem participar nos desafios anteriores!

Sigam-nos no Instagram, no Facebook e no Twitter com a hashtag:

#virtualjumpsketch

P.S. Quem nos dera que existisse teletransporte…

Papiro papirus, porque… | Facebook sempre a inventar…

Agora há uma caixinha lateral nas páginas do Facebook, nova, claro! Somos convidados a  preenchê-la… Diz que fica tudo muito mais eficiente, mas o que uma pessoa sente é que o sistema vai de mal a pior…

Mas pensamentos +++ e o lado bom da coisa é que estimulou o exercício de reflexão pela escrita de outra maneira (há sempre muitas) sobre o que é isto do Papiro papirus e do que é que tenho andado para aqui a fazer…

PapiroFacebook

Papiro papirus, porque…
  • Anseio por me tornar melhor contadora de histórias e de ideias com palavras e imagens.
  • Sou comunicadora de cultura e ciência e passo o dia a criar e a gerir a divulgação de conteúdos sobre estes temas.
  • Sou ilustradora sempre que posso ao nivel profissional para complementar a informação que divulgo.
  • Desenho muito, porque o meu corpo e a minha mente precisam. Aprendi a fazê-lo com algumas das pessoas mais marcantes da minha vida. Adoro Ensinar a desenhar sempre que consigo um tempo extra e aparece quem queira vir aprender.

Aviso aos Visitantes | Blog Papiro Gráfico vem para aqui

Há algum tempo comecei a explorar uma “coisa” chamada “Sketchnotes“, que é o mesmo que dizer esquiços de conceitos, pensamento visual ou assim… Gosto de lhes chamar Rabiscos de Ideias. Nessa exploração, criei um outro blog, o Papiro Gráfico – Pensamento Visual | Repórter de Histórias Visuais.

Rita Caré - Ainda não acabei de pensar nisso... 22 Nov 2017

Mas, não me apetece nada ter outro blog para gerir. Também tenho a sensação que isso não faz sentido, porque sou um todo no Desenhar. Desde os 20 ou 21 anos, quando aprendi a desenhar, tenho desenhado menos ou mais, consoante as fases da vida. Adoro desenhar e pintar, explorando muitas técnicas e objectivos diferentes. Também desenho na mente, ou seja, olho para qualquer coisa e penso como a poderia desenhar, mesmo que depois não crie algo visível. Isto tornou-se um vício com o Urban Sketching. Também desenho para pensar. E é aí que entram os rabiscos de ideias.

Pensamento Visual . Reportagem Gráfica| by Rita Caré @ Papiro Gráfico 2017

Assim, tal como o Urban Sketching tomou conta deste blog depois da aguarela em abstracto ter aqui vivido tanto tempo, agora vou incluir os meus Rabiscos de Ideias nesta casa.

Peço desculpa, mas nos próximos tempos irão receber muitos avisos de que foi publicado aqui um post  que talvez já conheçam e com uma data antiga. É que planeio publicar todos os posts do Papiro Gráfico aqui mesmo, numa secção com este mesmo nome, onde ficarão todos arrumados,  nesta que é a minha casa online há mais anos. Há quase 11. O tempo deste blog passou como o tempo do desenhar, quase que não dei por tantas horas, meses, anos aqui metida.

Não é só o desenhar. Sou blogger de Alma. Podem não saber disso, pode não vos parecer, mas escrever é para mim ainda mais importante do que desenhar. Sou teclado-dependente. As histórias são o mais importante. Todos os desenhos têm uma história para contar, mesmo que nunca venha a ser conhecida publicamente. Reescrevê-las 20 vezes antes de clicar no “publicar” ou mais ainda, ou já depois de publicadas e muito divertido e o mais importante me tornar mais Clara, a mais dificil de todas as tarefas.

Para seguir os Rabiscos de Ideias aqui cliquem no link do projecto Papiro Gráfico

Um mês, um mês muito difícil, UM RECOMEÇO

Rita Care - 1 Mes - Dez2017-Jan2018 (1)

Desde o Verão de 2017, a vida tem sido muito difícil, porque o corpo estava gravemente doente desde há muito mais tempo. Contudo, em Junho de 2017 tornou-se insuportável. A recuperação contínua e não sei se alguma vez mais saberei o que é viver sem Dores. Mas desde há muitos anos, por causa das enxaquecas devido a crises terríveis de sinusite e rinite não deixo que o meu corpo comande o que quero muito fazer. Pelo menos tento. Não é uma vontade racional. É a minha mente que manda mais do que eu. Sei lá, se calhar é o instinto de sobrevivência. Às vezes tenho de racionalmente obrigar-me a ficar parada do corpo e também da cabeça, somente a olhar para uma parede branca, para o mar, para um relvado, para as flores…

Este caderno foi produzido pela Marilisa Mesquita, com grande carinho e  propositadamente para a “viagem” que ambas sabíamos que eu ia ter que fazer. É A6 e não é um “Caderno” clássico, mas em harmónia, concebido para ser leve, mas para pintar aguarela se me apetecesse. Ela produziu 4 destes cadernos muito compridos.

Clicar para ver as imagens em sistema de carrossel
e na setas para avançar ou para voltar atrás

 

Estes desenhos foram feitos no espaço de um mês, de Dezembro de 2017 a Janeiro de 2018. Do primeiro desenho ao segundo há um intervalo de três semanas… Tem de tudo, desde urban sketching (desenho de observação no local), sketchnoting (rabiscos de ideias) a desenho por fotografia e a desenho de memória, a aguarela, lápis de cor e guache. O primeiro desenho foi feito no quarto do hospital, antes da cirurgia, e os restantes foram feitos em Vila Franca de Xira, em casa da família ou na rua.

Este é um caderno muito importante, porque marca um tempo de RENOVAÇãO. A vida jamais será a mesma. Terá que ser LENTA e LEVE. Mas esta viagem tem sido feita sempre acompanhada por Família e Amigos muito queridos que, ao longo dos dias e através das incríveis tecnologias para smartphone não me deixaram esmurecer,  trazendo-me para cima nos dias mais dolorosos.  Essas pessoas sabem quem são :)

Estou a reeinventar-me e isso é mesmo muito bom. Sentia há muito que tinha que mudar e não sabia por onde ir. A vida aponta-me caminhos aqui e ali e vou estando atenta e tomando as minhas decisões consoante as oportunidades que surgem. Estou viva e caminho. Agora parece mesmo um milagre criado pela alta tecnologia e conhecimento médico. Há 5 ou 10 anos atrás talvez estivesse numa cadeira de rodas. É brutal, não é? É, mas eu estou mesmo viva e aqui a andar pela rua e a emagrecer muito para melhorar lentamente o meu Viver. É a terceira vez que a Medicina me salva a vida em 41 anos. Obrigada Deus por inventares as mãos, o desenho, a escrita, o cérebro humano e a Medicina e a Tecnologia do séc. XXI.

Durante aquele mês, deitada na cama a olhar para o tecto imaginei o projecto Salto Virtual (#VirtualJumpSketch). Demorei quase três meses a pô-lo em prática, mas pûs e estou muito orgulhosa de todos os que nele têm participado. É incrível o grande Salto que deram na sua forma de desenhar!

Este post é publicado, por acaso, noutro dia (5 de Abril de 2018) muito marcante e espero que seja o primeiro dia de uma viagem extraordinária que, se correr bem, será partilhada nos próximos tempos.

Pensamentos +++

A Miúda dos Abraços regressou Reformulada para Abraçar a Vida a Sorrir

Rita Caré, 41 anos